Athlon Barton
O Barton é uma versão do Thoroughbred-B com 512 KB de cache. É interessante notar que os 256 KB adicionais de cache adicionaram quase 17 milhões de transístores ao processador (totalizando 54.3 milhões, contra 37.6 milhões do Thoroughbred-B), mas aumentaram a área do processador em apenas 21 mm², totalizando apenas 101 mm².
A princípio, poderia parecer que a AMD decidiu utilizar um cache mais lento, como no caso do Pentium 4 com core Prescott, mas isso felizmente não aconteceu. O Barton mantém o mesmo cache com 16 linhas de associação e os mesmos tempos de acesso, de forma que não existem "poréns" na nova arquitetura. O Barton é realmente mais rápido que um Thoroughbred em todas as situações, variando apenas a percentagem.
Como o Barton mantém os 128 KB de cache L1 e mantém o uso do sistema exclusivo, ele é capaz de armazenar até 640 KB de dados em ambos os caches, um número nada desprezível. Apesar disso, o ganho de desempenho em relação ao Thoroughbred é relativamente pequeno se comparado com o ganho do Pentium 4 Northwood sobre o Willamette, por exemplo, já que o Athlon já possuía um sistema de caches mais equilibrado, sem grandes gargalos.
Os maiores beneficiados pelo cache maior são os games 3D. Utilizando uma placa 3D rápida (onde o gargalo passe a ser o processador), o UT2003 roda com um FPS 9% maior, enquanto no Comanche 4 o ganho é de 7%. A maioria dos aplicativos de produtividade roda com ganhos modestos, de 3 a 6%. Apesar disso, o cache foi uma boa adição, que ajudou a tornar o processador mais equilibrado, sem aumentar o custo de forma considerável.
O Barton foi inicialmente lançado em três versões: 2500+ (1.83 GHz), 2800+ (2.08 GHz) e 3000+ (2.16 GHz). As três utilizavam bus de 166 MHz e mantinham compatibilidade com as placas anteriores, já que o Barton utilizava os mesmos 1.65v de tensão do Thoroughbred.
Mais adiante foram lançados os modelos 3000+ (agora a 2.1 GHz) e 3200+ (2.2 GHz). Estas duas versões utilizavam bus de 200 MHz, o que demandava uma placa-mãe compatível. Uma observação é que o Barton 3000+ de 2.1 GHz era levemente mais lento que o de 2.16 GHz, pois o aumento de 33 MHz na freqüência do barramento não era suficiente para compensar a diminuição de 66 MHz no clock do processador. Devido ao grande cache L2, o Barton era menos dependente do barramento com a memória, de forma que aumentar a freqüência do FSB tinha pouco efeito sobre o desempenho.
Outra questão é que o XP 2800+ baseado no Thoroughbred-B (que operava a 2.25 GHz) era capaz de superar o Barton 3000+ (que operava a 2.1 ou 2.16 GHz) em alguns aplicativos e benchmarks, (como, por exemplo, o teste Content Creation do Winstone 2003), já que, embora com menos cache, o clock do processador era maior. Como disse, o Barton ganha de um Thoroughbred do mesmo clock em todas as aplicações, mas comparações entre processadores de clocks diferentes podem sempre revelar surpresas.
O Barton 3000+ competia de igual para igual com o Pentium 4 Northwood de 3.06 GHz, embora a briga fosse apertada, com o Northwood ganhando em muitas aplicações. De uma forma geral, o Barton dominava os aplicativos de escritório e de produtividade e, embora com uma margem menor, também na maioria dos games. O Northwood, por sua vez, ganhava nos aplicativos de compressão de áudio e vídeo e também em alguns aplicativos profissionais.
O Barton 3200+ acabou sendo o topo da evolução entre os processadores AMD de 32 bits, marcando o final da era dos processadores soquete A. Depois disso, a Intel entrou em seu período negro, andando para o lado com o core Prescott, enquanto a AMD tomou a dianteira lançando os processadores de 64 bits. Esse foi o período de maior crescimento da AMD, onde, mesmo trabalhando com margens de lucro mais folgadas, chegou ao ponto de superar as vendas da Intel. Em 2006 a balança voltou a pender novamente para o lado da Intel, com o lançamento do Core 2 Duo e os cortes de preços nos processadores antigos. Ao longo de 2007, a Intel recuperou boa parte do terreno perdido, enquanto a AMD se defendia reduzindo os preços dos processadores, assim como na época do K6-2.
Mas, voltando ao Barton e suas variações, temos também uma versão com metade do cache L2 desabilitado (provavelmente modelos com defeitos no cache, onde era aproveitada a metade boa), batizada de Thorton. Ele foi vendido em quantidades limitadas, com freqüências de 1.6 GHz (2000+) a 2.2 GHz (3100+). O índice de desempenho era calculado de forma diferente do Barton, já que com metade do cache desabilitado, o desempenho do Thorton era idêntico ao de um Thoroughbred do mesmo clock.
Com o lançamento do Athlon 64 e da plataforma soquete 754, o Athlon XP se tornou um processador de baixo custo dentro da linha da AMD. O problema é que essa posição já era ocupada pelo Duron, de forma que o Athlon XP acabou ficando no meio, atrapalhando tanto as vendas do Athlon 64, quanto do Duron.
Para colocar ordem na casa, a AMD decidiu descontinuar tanto o Duron quanto o Athlon XP em 2004, dando origem ao Sempron, sua nova linha de processadores de baixo custo.
O Sempron soquete A nada mais é do que um Athlon Thoroughbred-B, Thorton ou Barton, vendido sob um índice de desempenho um pouco "afrouxado", onde o índice dos processadores foi aumentado em de 100 a 200 pontos, sem que fossem feitas mudanças na arquitetura. Basicamente, a AMD usou a linha para vender todos os processadores soquete A que ainda tinha em estoque, aproveitando enquanto havia procura.
A versão 2800+, por exemplo, era na verdade um Thorton, operando a apenas 2.0 GHz, enquanto o 3300+ era um Barton operando a 2.2 GHz. A explicação oficial é que no Sempron o índice passou a ser calculado em relação ao desempenho do Celeron D (que seria seu concorrente direto) e não mais em relação ao Pentium 4.
Sempron 2600+ baseado no core Thoroughbred-B
Os Semprons soquete A conviveram com os processadores soquete 754 por algum tempo, até que a plataforma soquete A foi finalmente descontinuada.
http://www.gdhpress.com.br/hardware/leia/index.php?p=cap2-23
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